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Marcela Pavan

O tornar-se mãe


O momento da descoberta de uma gravidez gera um turbilhão de emoções que vão aumentando juntamente com o crescimento da barriga. Mulheres que se tornarão mães pela primeira vez sentem um misto de realização, expectativas, ansiedades e medos. O que esperar dessa nova vida?

O momento do nascimento de um bebê é único e geralmente vem acompanhado por uma sensação de completude, felicidade, alívio, realização, entre tantos outros sentimentos bons que podem ser citados aqui. Porém, há também um outro lado da maternidade, que pouco é comentado, mas que precisa de atenção, muito carinho e de acolhimento para a recém mãe. Não é incomum conhecermos histórias de mães que se sentem profundamente tristes após o parto, angustiadas diariamente no puerpério. Apesar dessas sensações de angústia serem pouco verbalizadas publicamente, elas são naturais nesse período.

Se prestarmos atenção na fala dessas mães perceberemos o enorme sentimento de culpa e de vergonha que acompanham toda essa angústia e, por isso, elas acabam guardando para si todas essas emoções. Autocríticas são recorrentes, como: “Como posso estar triste depois de realizar o sonho de ser mãe? Porque estou angustiada se amo muito meu filho? Não tenho direito de reclamar, meu filho nasceu perfeito e com saúde!”

Preconceito social

Verbalizar em voz alta esses sentimentos, pode ser muito doloroso. O medo do julgamento e da crítica é muito forte. Há uma pressão social que espera que uma mulher no puerpério, deva se sentir plena, feliz e realizada. Há muitos preconceitos sobre àquelas que se mostram um pouco mais entristecidas ou angustiadas. Essas mulheres são rotuladas como péssimas mães, que não amam seus filhos, ou mesmo como “desequilibradas”. São críticas muito fortes para quem, na realidade, só precisa de atenção e acolhimento no seu sofrimento. Rótulos esses que inibem que as mães consigam conversar com alguém sobre suas questões mais íntimas. Quanto mais elas guardam para si suas angústias, mais difícil se torna a sua resolução.

O tornar-se mãe é um processo muito delicado para as mulheres. Mexe com questões muito primitivas. Nos remonta a nossa própria infância e a forma como fomos recebidos no mundo. É uma enorme mudança na vida da mulher. Rotinas, falta de sono, estranheza com o próprio corpo, insegurança de como cuidar de um bebê tão frágil, alterações hormonais, são algumas dessas dificuldades.

Toda mudança gera angústia, mesmo quando são mudanças planejadas e desejadas! É um momento em que a mãe necessita de cuidado, apoio e carinho. Uma psicoterapia pode ser um bom auxílio, por se tratar de um espaço em que ela pode falar sobre tudo sem medo dos julgamentos ou críticas.

Depressão pós-parto

Apesar de ser relativamente comum surgirem essas tristezas no pós-parto, elas tentem a diminuir com o passar das semanas à medida em que essa mulher vai estabelecendo alguma rotina e ganhando mais segurança na relação com o bebê. Porém, há mães que não seguem esse caminho e, na realidade, os sintomas vão ganhando ainda maior intensidade. O que torna o cuidar um processo praticamente impossível e doloroso. Podemos estar à frente de uma mulher com depressão pós-parto.

É uma doença muito séria, que impede que a mãe consiga cuidar do seu filho e, consequentemente, o vínculo afetivo tão importante nesse primeiro momento entre mãe-bebê fica prejudicado, podendo gerar sequelas nessa relação para a vida toda. Nesse caso é muito importante que haja uma terceira pessoa, que pode ser o pai, a avó, ou qualquer outra que esteja disponível para dar afeto ao bebê.

Naturalmente essa mulher também necessita de cuidados. O tratamento adequado para a depressão pós-parto é a psicoterapia associada a um tratamento recomendado por um médico psiquiatra. Além do apoio e acolhimento familiar tão fundamentais.

Respeite o outro

O tornar-se mãe é um momento muito especial na vida de qualquer mulher, geralmente muito desejado e aguardado. Permite que haja uma transformação interna, uma reavaliação de sua própria vida e uma necessidade de fazer diferente, de ser uma pessoa melhor para seus filhos.

O que precisamos ter sempre em mente é que cada pessoa tem o seu próprio tempo de transformação e que é preciso respeitar a individualidade de cada um! Com o apoio adequado, essa nova mãe será capaz de aproveitar cada momento delicioso que a maternidade pode proporcionar!!

* Viviane Lajter Segal, CRP 05/41087, é Psicóloga Clínica, Psicanalista em formação pela SPCRJ e especialista em Terapia de Família e Casais pela PUC-Rio. Consultório em Copacabana, R.J. Acompanhamento online: http://www.acaminhodamudanca.com.br.

Contato: viviane@lajter.net

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