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Marcela Pavan

Que tiro foi esse? Os impactos psicológicos da violência urbana.

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A violência, em todos os seus aspectos, faz parte do cotidiano dos brasileiros. Assaltos, assassinatos, discussões, agressões físicas, confronto entre traficantes e a polícia, brigas em família, na escola, no trânsito…

Frequentemente vivenciamos essas situações ou ficamos sabendo de algum caso com alguém próximo. Além disso, somos bombardeados pelos jornais, facebook, whatsapp com notícias de violência.

Todo essa opressão traz impactos para o psiquismo dos cidadãos. Quando alguém, que tem um filho, assiste a um noticiário onde uma criança é morta na escola por causa de um tiroteio, automaticamente se coloca nessa situação e sente angústia, medo, revolta…

São muitas as sensações geradas por esse contexto de violência. O que fazemos com todas essas sensações ruins? Como elas impactam a nossa saúde emocional e mental?

Alterações na saúde e nas relações.

O ser humano tem uma resposta fisiológica quando está em um ambiente hostil. Ele reconhece uma ameaça e, consequentemente, todo o seu corpo fica em alerta para tentar se defender do perigo eminente.

A situação de violência é uma ameaça frequente, que não sabemos nem quando e nem como acontecerá, isso leva o nosso corpo a ficar constantemente em alerta, tentando se defender de possíveis perigos. Com isso, surge o estresse e a saúde pode sofrer inúmeros prejuízos: crises de ansiedade que levam a taquicardia, falta de ar, insônia. Um estudo da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia mostrou que 45% dos Brasileiros são atingidos pela insônia, um resultado alto que desencadeia outros problemas como fadiga, hipertensão, intolerância. Além disso, o medo da violência pode acarretar fobia e depressão, dificuldades de enfrentar o medo que levam a desmotivação e ao isolamento.

Nos relacionamentos, as ameaças constantes geram uma superproteção das pessoas com as outras, principalmente dos pais em relação aos filhos. Quando uma criança cresce num ambiente superprotegido ela tende a não experimentar situações novas, a não perceber e colocar a prova a sua potência e a sua capacidade de enfrentar os desafios. Assim não aprende a se defender, o que aumenta a insegurança tanto dela quanto dos pais.

É natural que as pessoas tenham medo de algo ruim acontecer com um parente próximo. Apesar de compreensível, muitas vezes esse comportamento não ajuda. Se preocupar com a segurança é fundamental, mas o excesso de zelo, tensões e preocupações sobrecarregam as relações.

O que fazer então?

Sabemos que a solução para a violência não é individual, é preciso mudanças sociais, éticas e econômicas na forma de conduzir o país para oferecer uma vida mais digna para as pessoas.

Mas, e enquanto isso não acontece? Como conviver com essa realidade?

É comum que todas essas sensações ruins que sentimos, em situação de violência, sejam transferidas para outras situações na nossa vida e, muitas vezes sem perceber, contribuímos com o ambiente violento. Quando alguém é agressivo conosco o quanto disso não levamos para o trabalho, para as redes sociais, para o casamento, para os filhos? Por isso a importância de termos a consciência de como somos afetados e mais ainda, como não perpetuar a agressividade e a raiva.

Do ponto de vista psicológico algumas atitudes podem ajudar as pessoas a se protegerem um pouco de toda essa atmosfera hostil.


Se prepare para o dia:

Não é porque ontem foi difícil que hoje precisa ser, pense como será o seu dia e inclua pensamentos mais positivos. Faça uma meditação ou mentalize na sua crença um dia bom, harmônico e produtivo.


Viva o contrário da violência

Perceba as pessoas a sua volta, se comunique com elas agradavelmente, seja gentil. É impressionante como as pessoas retribuem e contribuem também para um dia melhor.


Procure a Tranquilidade

Busque a sua paz, onde ela está? Nos amigos, na espiritualidade, na natureza, na atividade física. Fique perto das coisas que te acalmam para manter sua mente em equilíbrio. Além disso, encontre alguns recursos que possam te ajudar no dia a dia quando ficar com raiva e quiser revidar, principalmente em pessoas que nada tem a ver com a situação problema. Tenha algo que te descontraia rapidamente, um vídeo divertido no celular, um amigo para ligar, uma saída rápida, etc. Tudo isso ajuda a não ser tragado pela atmosfera de violência e indignação


Tenha um tempo pra você

Encontre espaços de harmonia e reflexão. Ambientes que te tragam a tranquilidade necessária. A psicoterapia é uma ótima opção, um caminho que leva ao autoconhecimento e auxilia a lidar melhor com as dificuldades do dia a dia.


Faça algo a respeito

Se a situação da violência é algo que te afeta e você acredita em coisas que possam melhorar essa situação, porque não começar a fazer algo a respeito? Seja na política, na educação, na saúde. Realize algo que possa contribuir de fato para a mudança desse contexto em que todos estamos inseridos. Quando nos colocamos em ação, saímos do lugar de somente reféns para o lugar de atuantes. Do ponto de vista psíquico, essa atitude traz autonomia e fortalecimento pessoal, aspectos importantes para uma vida com mais bem estar.

Marcela Pimenta Pavan é Psicóloga Clínica. Analista Junguiana e especialista em Família e Casal pela PUC-Rio. Trabalha com questões ligadas a relacionamentos, bem estar, felicidade, conflitos pessoais, ansiedade, depressão, entre outras. Atendimento online: www.acaminhodamudanca.com.br. Consultório: Largo do Machado – R.J. 

Contato: marcelapimentapavan@gmail.com

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