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  • Marcela Pavan

É Carnaval! A importância da brincadeira e da fantasia.


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Vivemos preocupados com o trabalho, com as contas, com os filhos, com a segurança, com a saúde… Na maior parte do ano estamos correndo atrás de alguma coisa e o nosso lado racional é valorizado por nos auxiliar com a clareza e objetividade necessária aos desafios cotidianos.

Mas existem alguns períodos em que a situação se inverte e o Carnaval é a representação mais clara desse momento. A racionalidade fica em segundo plano e o princípio do prazer conduz grande parte das pessoas. A brincadeira, a vontade, a sensualidade e a alegria tomam conta do país e muitos se rendem a magia dessa época.

Do ponto de vista psicológico esse é o momento do ID, que segundo Freud é uma instância psicológica que todos nós possuímos, regido pelos impulsos do prazer, guiado pela satisfação dos desejos e não por suas conseqüências.

A psicologia Junguiana utiliza-se, entre outros recursos,  dos mitos para entender a psique humana. O mito grego do deus Dionísio é o que se assemelha ao espírito do carnaval. Dionísio era filho do grande Zeus e de sua amante Semele. Foi perseguido por Hera, esposa de Zeus, e atingido por sua loucura. Possui o lado divino dos deuses, mas também o lado irracional e selvagem. É o deus do vinho, das festas, do êxtase, configura a imagem do impulso, da satisfação. Assim contrapõe-se a tudo que é cauteloso e conservador.

 Fantasias

A fantasia traz a possibilidade de projetarmos externamente conteúdos internos que permeiam nossa imaginação. Através das cores e dos personagens brincamos de forma mais livre com esses conteúdos. O momento do carnaval é propício para isso, é quando a brincadeira e a criatividade são permitidas e estimuladas pela maioria.

Com a individualidade protegida das críticas e julgamentos, a fantasia nos liberta e nos permite interagir de forma livre e despreocupada. As diferenças e preconceitos são minimizados e, por isso, o Carnaval é chamado uma festa democrática. É um momento que todos aproveitam e interagem independente da cor, do país ou da classe social.

Melindrosas, prisioneiros, chapolins, baianas, abadás e tudo que a imaginação quiser pode virar realidade por alguns dias e nos levar pelo clima “dionísico” do carnaval.

E isso não é um pouco perigoso?

É importante que os excessos sejam evitados. Perder totalmente o controle traz consequências, talvez não agradáveis. Mas do ponto de vista psíquico o carnaval tem uma função positiva e nos ajuda a vivenciar outros aspectos psicológicos.

Segundo a abordagem junguiana nós possuímos vários pólos opostos dentro de nós: amor/ódio, vida/morte, confiança/traição, puerilidade/sabedoria, profano/sagrado, entre outros. Apesar de opostos, um lado precisa do outro para existir. A totalidade do ser só é possível quando reconhecemos esses lados (principalmente os não adequados) e trabalhamos para uma integração saudável entre eles. Tentar eliminar um pólo em detrimento de outro não é benéfico e nos distancia da realização e do bem-estar.

O Carnaval pode ser muito proveitoso, é o momento de relaxarmos e vivenciarmos um lado nosso que não permitimos na maior parte do ano, de se divertir com o inadequado, extravasar a alegria e retornar mais leves para a realidade.

“Mas é Carnaval, não me diga mais quem é você Amanhã tudo volta ao normal Deixa a festa acabar Deixa o barco correr Deixa o dia raiar Que hoje eu sou da maneira Que você me quer O que você pedir, eu lhe dou Seja você quem for Seja o que Deus quiser Seja você quem for Seja o que Deus quiser”*Marcela Pimenta Pavan, é psicóloga clínica. Atende jovens, adulto e família – CRP 05/41841.Contat0: marcelapimentapavan@gmail.comConsultório no Largo do Machado – Rio de Janeiro. 


Referências,

Música: Noite dos Mascarados. Compositor: Chico Buarque

Fonte: Revista Psiquê. O carnaval e a importância dos ritos.

Foto: Passarinho/Prefeitura de Olinda. Escrito por Marcela Pimenta Pavan, todos os direitos reservados. 

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