top of page
  • Marcela Pavan

O Herói que vive em você


Os heróis dos filmes, dos mitos, dos quadrinhos sempre despertaram admiração e uma grande atração nos espectadores. Não só as crianças são tomadas pela coragem, ousadia e determinação desses personagens. Adultos de todas as idades são envolvidos pela atmosfera fascinante dos heróis que se superam na busca da vitória.

Tanta atração não é à toa, o personagem projetado nas histórias fala diretamente com o nosso herói interior. Em um nível, muitas vezes inconsciente, todos nós reconhecemos o arquétipo do herói, que é um conceito da Psicologia Junguiana. Segundo Murray Stein:

“O herói é um padrão humano básico – igualmente característico tanto de mulheres quanto de homens – que exige o sacrifico da “mãe”, significando uma atitude infantil passiva, e que assume as responsabilidades da vida e enfrenta a realidade de um modo adulto. O arquétipo do herói exige o abandono desse pensamento fantasioso infantil e insiste em que se aceite a realidade de um modo ativo”.

Isso quer dizer, entre outras coisas, que todos nós, em diferentes momentos da vida, necessitamos abrir mão do lugar conhecido e confortável para ir ao encontro do novo, saindo do lugar passivo para um movimento ativo. Quando vemos esse processo acontecendo nas histórias, independente do personagem, enredo ou ambiente, sabemos do que se trata porque, inconscientemente, também experienciamos na vida real várias situações desafiadoras e sabemos o quão ricas elas podem ser.

O que podemos aprender com o herói?

O herói tem sempre muito a nos dizer.  É comum o personagem principal entrar na aventura um pouco inseguro, sem reconhecer em si os potenciais necessários para enfrentar os desafios que o esperam. Em muitas histórias ele recebe ajuda durante a trajetória e à medida que vai superando os desafios, vai também amadurecendo e se descobrindo. Reconhece em si o potencial que possui e se torna mais seguro e consciente da sua identidade. Podemos ver isso em Matrix, Harry Potter ou no mito arturiano de Guinglain.

Assim como o personagem principal das histórias, nem sempre nos sentimos preparados para enfrentar os desafios da vida real. Em um casamento, por exemplo, mesmo quando o desejo de união é legítimo, é comum vermos os noivos inseguros, incertos da decisão à medida que a data do casamento se aproxima. Esse sentimento é natural, sair do papel de filhos, do ambiente conhecido do lar, para assumir um compromisso afetivo, social e financeiro que o casamento propõe não é simples, mas faz parte do processo de amadurecimento. Isso acontece também na separação, na gravidez, no novo emprego, na mudança de cidade. É no caminho que vamos percebendo que podemos dar conta da responsabilidade decorrente dos nossos desejos.

Mas a lição do herói também tem o seu lado confortador de que não é preciso enfrentar tudo sozinho.

Em Harry Potter, por exemplo, toda a jornada é permeada por personagens que o ajudam a conquistar seu objetivo final, alguns com informações e conhecimentos que ele não possui, outros o defendendo de perigos e outros ainda fazendo o trabalho que ele mesmo não conseguiu. Reconhecer na vida real a ajuda dos amigos, da família, do conhecimento, do dinheiro, ou qualquer outra, e valorizá-las, é uma grande lição também na vida real que torna a jornada menos pesada e possível de concluí-la.

Segundo Fabrício Moraes em seu texto: Algumas palavras sobre o “Arquétipo do Herói” e o Complexo de poder, ele diz:

“Quando nos remetemos ao arquétipo do herói, temos uma referência interessante: o herói nunca dá conta de tudo sozinho.  Sempre recebe o “auxílio sobrenatural” ou a ajuda de amigos. Por isso, quando compreendemos que os mitos são modelos exemplares (segundo Eliade), que nos orientam em como reagir nas mais diversas situações da vida, nós temos um excelente instrumento de referência para além da experiência individual.”

Amadurecimento

A vida nos impele ao amadurecimento. Várias são as situações que nos colocam à frente das mudanças desafiadoras e cabe a nós escolhermos o caminho a seguir.

O importante é perceber que não prosseguir, na direção daquilo que nos realiza, leva à frustração e consequentemente à estagnação e paralisia do movimento natural da vida.

O herói nos dá a pista certa de que podemos abandonar a ideia de sermos reféns do destino e nos tornarmos autônomos, autores da nossa própria história.*Marcela Pimenta Pavan, psicóloga clínica, CRP 05/41841. contatos: marcelapimentapavan@gmail.com. Cel: (21) 9157-0818Atendimento: Copacabana e Barra da Tijuca – R.J Foto:www.everystockphoto.com/photo.php?imageId=10663956&searchId=9064a24acbc98452efda5745f5b0938a&npos=293 Fontes:Moraes, Fabrício. Jung no Espírito Santo – Blog de Fabrício Moraes psicologiaanalitica.wordpress.com/2010/11/05/algumas-palavras-sobre-o-arqutipo-do-heri-e-o-complexo-de-poder/STEIN, Murray. Jung: O Mapa da Alma. São Paulo: Cultrix, 2005.

3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page