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  • Marcela Pavan

A violência urbana e a sua influência em nossas vidas


Lendo os jornais da última semana me deparei com uma quantidade muito grande de situações de violência extrema ao redor do país, além de tantas outras em escala mundial.

Na cidade do Rio de Janeiro, em uma única semana, tivemos duas notícias muito impactantes. Uma delas foi de que um bonde em um bairro turístico da cidade tombou, possivelmente devido à falta de manutenção, gerando vários mortos e dezenas de feridos. A outra situação, tão absurda quanto, foi o assassinato de um homem que chegava a sua casa e foi baleado na tentativa de um assalto, em pleno bairro nobre do Rio de Janeiro. Ele morreu no local.

Assisti pela televisão a entrevista de um homem que estava nesse bonde. Ele tinha acabado de perder uma filha no acidente e sua esposa estava em estado grave no hospital. Sua fala me tocou e comecei a refletir de como a sua vida será marcada psiquicamente após esse evento tão traumático. Qual será a repercussão que tais fatos têm no psiquismo de cada um de nós?

Transtorno de Estresse Pós-Traumático

O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma patologia que geralmente acomete as pessoas que passaram por situações traumáticas. É de extrema importância ser abordado em discussões, uma vez que é pouco difundido pela mídia e na maioria das vezes é visto como uma reação normal ao trauma vivido, mas que pode comprometer seriamente a vida do traumatizado.

O TEPT ocorre após uma pessoa ser exposta ou testemunha de um estresse traumático extremo, que varia entre um acidente grave, estupro, catástrofes naturais – e nesse ponto é impossível não se lembrar das últimas ocorridas ao longo de todo o mundo (chuvas e destruição pelo Brasil, tsunamis no Japão, furacão nos EUA…) – guerras, assaltos, sequestro, atentados terroristas. Enfim, são situações que colocam em risco a sua própria integridade física ou a de outra pessoa.

Como ocorre na maioria dos transtornos, é relevante diferenciar entre o que é um medo natural e o que se torna realmente patológico e necessita de tratamento e cuidados profissionais. Para isso, é preciso observar os sintomas e sua duração afim de que o diagnóstico seja feito corretamente.

No caso do TEPT a pessoa traumatizada torna-se muito desconfiada, assustada, com medo excessivo e há uma dificuldade de concentração, comportamentos que são incompatíveis com a situação real. Está sempre em alerta e, com isso, há um gasto de energia para se defender de qualquer coisa que lhe pareça ameaçadora. Revive os eventos traumáticos constantemente, que podem ser mediante pesadelos intensos ou mesmo ao longo do dia e realiza uma força muito grande para evitar se lembrar do trauma. Pode desenvolver depressão, ansiedade e pânico.

Para ser diagnosticado com TEPT é preciso que o indivíduo apresente os sintomas correspondentes em até 6 meses após o trauma ter ocorrido.  A duração mínima dessa sintomatologia deve ser de 1 mês. Além disso, devem afetar de forma significativa a vida social, profissional e familiar do traumatizado.

Trata-se de um aspecto importante do diagnóstico, pois o impacto psicológico após o trauma é comum. Porém, se tiver uma duração inferior a 1 mês deve ser considerado passageiro e, portanto, não caracteriza o transtorno em si.

O Tratamento

O principal tratamento para o TEPT é a psicoterapia, que permite que a pessoa possa falar, sem receio, do ocorrido, de forma a desconstruir as fantasias e os medos criados mediante os eventos traumáticos, assim como, a promoção de formas de relaxamento visando minimizar a tensão e a ansiedade extrema. O tratamento medicamentoso pode ser útil, dependendo do caso e da gravidade dos sintomas.

A conscientização e aproximação da rede de apoio do traumatizado é de extrema importância. Os amigos, familiares e outros envolvidos com a pessoa, precisam compreender melhor a situação para que, assim, possam ajudá-la a superar esse momento.

Nem todos os indivíduos que são expostos a um estresse forte irão desenvolver o TEPT, isso dependerá de diversos fatores internos de cada um. Ou seja, da estrutura psíquica que se tem, do momento em que vivia, quando isso ocorreu (se estava mais vulnerável, com alguma questão psicológica, em tratamento ou não…), da sua rede de apoio, fatores biológicos, entre outros.

Se você ficou com alguma dúvida ou curiosidade sobre esse assunto comente ou mande um e-mail para acaminhodamudanca@gmail.com

Por Viviane Lajter Segal (Psicóloga Clínica CRP 05/41087)

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